28 de março de 2024 - 13:32

Agronegócio

18/05/2018 10:07

Pecuária brasileira poderia gerar R$ 32 bi/ano em receita adicional se tivesse melhor produtividade

A pecuária brasileira poderia ganhar em torno de R$ 32 bilhões a mais por ano se a produtividade fosse semelhante à dos Estados Unidos, país que detém 40% do rebanho brasileiro e, mesmo assim, produz quase 22% a mais de carne bovina por ano, tem produção de bezerros 65% superior e desfrute 80% maior.

Outros indicadores saltam aos olhos: nos EUA, a idade média de abate é de 21 meses contra 48 meses no Brasil e as carcaças pesam em média 358 kg contra 244 kg aqui, informam Paulo Dancieri Filho, Carlos Gomes e Renato Leão Cavalcanti, idealizadores da plataforma BovExo, apresentada agora ao mercado brasileiro.

“A diferença é que nos EUA a pecuária é uma atividade profissional como qualquer outra e as decisões são técnicas, nunca emocionais; as informações são cruas, sem interferência humana, obtidas e processadas em tempo real. É a pecuária de precisão levada muito a sério”, destacam os sócios de BovExo.

BovExo é uma ferramenta tecnológica de suporte à tomada de decisões dos pecuaristas. Com parâmetros corretos, não emocionais, e processos metódicos, a plataforma fornece – muitas vezes em tempo real – as informações necessárias para o produtor tomar as melhores decisões de curto, médio ou longo prazo, proporcionando a melhoria dos resultados da atividade.

“Sim, é possível tornar a pecuária brasileira tão ou mais produtiva que a pecuária norte-americana ou qualquer outra modalidade econômica, seja a soja, o CDB, o dólar ou as ações. Tudo começa pela atenção especial a um ponto essencial de qualquer empresa, mas que nem sempre tem merecido a consideração necessária: a gestão”, explica Carlos Gomes, especialista em tecnologia aplicada ao agronegócio (sócio-fundador da iLab Sistemas, que revolucionou a indústria sucroalcooleira com sistemas de suporte à decisão estratégica e operacional).

“A pecuária pode ser muito rentável, porém é mal gerenciada”, concorda o pecuarista Renato Leão Cavalcanti. “A rentabilidade da atividade pode ser multiplicada por até seis vezes caso os produtores sigam processos com rigor, atenção e comprometimento”, complementa.

A primeira e talvez mais importante decisão dos pecuaristas rumo ao aumento da rentabilidade é a mensuração dos dados, como peso ao nascer, à desmama e ao sobreano, ganho de peso diário, rendimento de carcaça, idade do abate.

Também é essencial considerar uma série de variáveis para a tomada de decisões, como:

. É mais rentável vender o gado mais tarde e mais pesado ou mais cedo e mais leve?
. Rende mais o gado terminado em semi confinamento, confinamento ou terminado a pasto?
. Qual a lotação por UA que proporciona mais lucro?
. Qual o cenário de mercado para os insumos a curto e médio prazo? Como variam os preços nas bolsas de valores?
. O que os frigoríficos mais bonificam: animais jovens com teor mediano de gordura ou animais mais erados com mais gordura na carcaça?
. Que raça ou cruzamento me oferece mais condições de ganho?

Paulo Cesar Dancieri Filho, também CEO da Coimma Balanças, cita outro dado que depõe contra a busca por produtividade e rentabilidade na pecuária brasileira. “Somente 10% dos pecuaristas têm balança em suas fazendas. Como medir a rentabilidade do negócio se não se sabe nem o peso dos seus animais nas diferentes idades, inclusive na hora do abate. Isso é elementar”, diz, destacando perda de peso do animal por estresse e possíveis lesões dos animais no deslocamento até o curral. “Tudo passa pela boa gestão da atividade e a mensuração é um dos principais pilares”.

“O pacote genético pode ser bom, o manejo sanitário pode cumprir os seus objetivos, a equipe pode fazer o seu trabalho com profissionalismo, porém se todas essas informações não forem gerenciadas com rigor e de maneira sistemática não se sabe o atual nível de rentabilidade. Aliás, não se sabe se há rentabilidade”, complementa Carlos Gomes.
Devido à sua importância, a mensuração dos dados e a projeção de cenários de decisão é o primeiro passo da plafatorma BovExo em prol do aumento da rentabilidade da pecuária brasileira.

Pecuarista, Renato Cavalcanti foi convidado por Paulo Cesar Dancieri Filho a fazer um projeto piloto em sua propriedade com a balança digital BalPass, da Coimma, que colhe e disponibiliza uma série de medições do rebanho na nuvem, em tempo real, aproveitando o modelo de gestão que já utilizava em suas propriedades.

Renato gostou tanto do resultado que resolveu se tornar um dos idealizadores e investidor da BovExo.

“A pecuária brasileira é fantástica. São mais de 220 milhões de cabeças, dezenas de opções genéticas viáveis e uma tremenda importância como fornecedor de proteína animal de qualidade para atender à crescente demanda global. Porém, tem imagem ultrapassada e vive em uma eterna gangorra de lucro/prejuízo devido à normal oscilação do preço da arroba do boi gordo. Um dos sintomas é que poucos pecuaristas sabem o que fazer, na prática, com as informações de peso para a correta tomada de decisões”, assinala Renato Cavalcanti.

Ainda conforme Cavalcanti, toda atividade econômica tem altos e baixos, porém a pecuária sofre muito sempre que ocorre um período de preços baixos. “Quero contribuir para mudar essa situação trabalhando na base, fornecendo a tecnologia necessária para os pecuaristas tomarem as decisões corretas”, pontua.

Carlos Gomes ressalta que, para o sucesso da profissionalização da pecuária, é preciso usar todo o arsenal tecnológico disponível, incluindo a Internet das Coisas.

“As decisões precisam ser tomadas com os olhos no futuro e não mais de acordo com o histórico passado. As situações de mercado e o desempenho do passado são importantes referências, porém a rentabilidade virá se a tomada de decisões considerar os cenários que estão adiante”, diz.

Parceria com BalPass é o primeiro projeto da plataforma BovExo

A plataforma BovExo faz sua primeira parceria com o BalPass, um novo conceito em pesagens da Coimma Balanças. Com o sistema de pesagem dinâmica, o rebanho é pesado automaticamente e o sistema envia os pesos e informações dos animais para a nuvem, permitindo que o dono tenha acesso em qualquer lugar (pelo app do celular ou web) em tempo real, possibilitando a tomada de decisões sem que animal passe pelo estresse de ser levado até o curral.

“Há uma indiscutível sinergia entre a proposta da BovExo e o conceito BalPass”, explica Paulo Cesar Dancieri Filho. “Com Balpass, leva-se a balança para o pasto. Dessa forma, um animal que antes era pesado duas ou três vezes na vida agora é pesado duas ou três vezes por dia, naturalmente. Isso é um divisor de águas no manejo, graças à tecnologia da Internet das Coisas, que já é uma realidade”, complementa Dancieri Filho, destacando que BovExo está aberta a parcerias com outros sistemas de pesagens disponíveis no mercado brasileiro.

Aliás, o próximo passo será buscar novas parcerias tecnológicas que não se limitam a sistemas de pesagens, mas todo e qualquer sistema de sensoriamento de campo, tais como sistemas de ultrassom animal, sensores de temperatura corporal, identificação animal, rastreamento de comportamento, conectividade etc.


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