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10/09/2020 15:07

CORAÇÃO MADEIRA: nasce um romance! - Luiz Renato de Souza Pinto

 

Para muitos, mais um. Para Marli Walker, um primogênito, se é que pretende gerar outros. Estamos aqui para celebrá-lo e nesta eucaristia cumprir o rito de passagem da melhor maneira. Quem me conhece sabe que não gosto de prefácios, de apresentações em livros. Penso que a apresentação cabe nas orelhas, mas aí nada tem a ver com o texto autoral, e sim com o projeto estético.

O romance de estreia dessa poeta já nasce grande, porque sempre é tempo de louvar a natureza, de nos render aos maravilhamentos dela. A floresta está em chamas. O chamamento para sua sobrevivência é imperativo. Coração  madeira é literatura. Alguns o chamarão por literatura de Mato Grosso, outros por literatura produzida em Mato Grosso, como recomendariam os programas em pós-graduação em letras do estado. Ainda assim, o conceito não o contempla de todo.

A cultura acadêmica busca rótulos, enquadramento. O público leitor muitas vezes não se dá conta dos movimentos do mercado, da crítica especializada, pouco se importando com o que se fala. Marli é catarinense, pau-rodado, migrante, mulher, poeta, escritora.

Natural de Mimoso, terra de Rondon, Teresa Albués teve quase toda sua literatura produzida enquanto morava em Nova Iorque. Não foi gestada por aqui; então não seria mato-grossense. A vizinha do ilustre Gerald Thomas deixa de ser autora mato-grossense por ter ido morar em Nova Iorque?

Todo conceito acaba se apresentando reducionista em face da dinâmica da fruição. Muitos avanços aconteceram após o surgimento da estética da recepção. O leitor é soberano quando se fala em juízo de valor. Para ele, o valor de uma obra é algo extremamente subjetivo. A crítica acadêmica tende a reproduzir determinados valores em detrimento de outros. Mas aí já se trata de cânone, o assunto é outro.

Penso que o gostoso é dar o tratamento de acordo com as preferências de cada um. Gosto de ler romances. Quando busco em seu interior os elementos que mais me atraem, faço apenas o percurso que meus olhos acham adequado em busca de algum entranhamento. O maior aprendizado que tive nesses anos todos como escritor foi o de que sucesso não tem absolutamente nada a ver com a vendagem de livros, mas sim o de ter sua obra respeitada pelos que as leem: isso me basta!

 

Luiz Renato de Souza Pinto

 


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