20 de abril de 2024 - 03:11

Cultura

A ossatura do rinoceronte, de Divanize Carbonieri por Gilda Portella

A Editora Patuá e o Patuscada - Livraria, bar & café convidam a todos para o lançamento do livro "A ossatura do rinoceronte", poemas de Divanize Carbonieri. O lançamento do livro será realizado durante a Festa de aniversário de 9 anos da Editora Patuá.
O evento será realizado no dia 15 de fevereiro (sábado) a partir das 19h no Patuscada - Livraria, Bar e Café - Rua Luís Murat, 40 - Vila Madalena - São Paulo - SP
A entrada para o evento é gratuita e o exemplar estará à venda por R$ 40,00 (pagamentos em dinheiro e cartões de débito e crédito).
Leitoras e leitores de qualquer cidade do país que realizarem a compra antes do lançamento receberão o exemplar autografado após o evento. Imperdível!
Link para compra: https://www.editorapatua.com.br/produto/112588/a-ossatura-do-rinoceronte-de-divanize-carbonieri

 Data: Sábado, 15 de fevereiro de 2020 às 19:00 – 22:00

Local: Patuscada - Livraria, bar & café   Rua Luís Murat, 40, 05436-050 São Paulo

Divanize Carbonieri é doutora em letras pela USP e professora de literaturas de língua inglesa na UFMT. É autora dos livros de poesia Entraves (2017), agraciado com o Prêmio Mato Grosso de Literatura, e Grande depósito de bugigangas (2018), selecionado pelo Edital de Fomento à Cultura de Cuiabá/2017, além da coletânea de contos Passagem estreita (no prelo), selecionada pelo Edital Fundo 2019/Cuiabá 300 anos. Foi segunda colocada na categoria conto na edição de 2019 e finalista na categoria poesia nas edições de 2018 e 2019 do Prêmio Off Flip. É uma das editoras da revista literária digital Ruído Manifesto e integra o coletivo Maria Taquara, ligado ao Mulherio das Letras - MT. Site: https://www.divanizecarbonieri.com.br.

Conheça 5 poemas do livro A ossatura do rinoceronte, de Divanize Carbonieri: 

LINHAGEM

 que faziam nossas bisavós com as ideias

que lhes surgiam e da sua ânsia por ciência

as bisavós tinham doze quatorze filhos

e muita faina para fazer utensílios

não conheciam preguiça nem escapadas

muitas delas estavam mesmo escravizadas

sem ter poder de decisão sobre os seus dias

o que foi feito do trabalho daquelas tias

custa se desprender da própria linhagem

mas seccionar os laços é o que tanto urge

nossas avós estão em silêncio neste instante

mal esperando o desfecho que darão as andantes

 ***

 AMARGURA 

a despeito do esforço empreendido

para saturar de silêncio todas as fendas

as farpas impediram o pleno desenlace

friccionaram as palavras a ponto

de implodi-las como feixes de dinamite

miríades de fragmentos emplastraram o ar

que se impregnou imediatamente de amargura

tudo o que é pronunciado permanece

à deriva entre os seus enunciadores

preenchendo a espessura dos afetos

alguns ficam adelgaçados até esgarçarem

outros de tão rotundos rompem em pó

 ***

 ENTULHO

 a força não é mais tanta quanto se precisa

se agiganta o atravancado e aterrissa

na percepção de mais um dia começado

a covardia diante do dever imposto

pelo ditame de instâncias superiores

nem desejo nem ambições maiores

o insano correr das horas para quem tem

funções desafiadoras e não mantém

uma vontade alta para executar as ações

e deseja só adormecer sob as intenções

mas falta muito pouco desta vida agora

para se livrar do entulho que a devora 

***

 REMÉDIO 

o remédio não minora mais a moléstia

persiste a última drágea sem serventia

males maiores sempre serão descobertos

sem que haja tempo para novos acertos

a doença ainda redime muito excesso

a inércia e a dormência causam também o abscesso

vermes comem a adiposidade nociva

acompanhada da massa benigna e viva

a membrana leitosa tampará a visão

logo a persistência trará mais privação

o vate que tem sentidos iluminados

vai olvidar versos e embaçar significados

***

 CARNE 

um da matilha se afasta enquanto palmilha

o rastro da presa que é pega de surpresa

todo o bando passa o dia se empanturrando

ex-canibais preferem entre os animais

o macaco amarelo pois tem paralelo

com outro humano que foi monge franciscano

o gato doméstico fica quase estático

enquanto espreita a rolinha que se deleita

com as migalhas esquecidas entre as palhas

comendo a carne se contamina bem o cerne

a sina inexorável de comer cadáver

triste companhia num antro de agonia

 


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